As novas regras do IEFP para a formação pedagógica de formadores é no mínimo um paradoxo no conteúdo e objectivo, dentro do actual contexto
Nas centenas de páginas do novo guia, cujo número é um desafio à resistência humana, o IEFP exige que os candidatos a formadores, ou seja os formandos desses cursos de formação pedagógica da formadores, sejam qualificados com bacharelato ou licenciatura, salvo raras excepções que dificilmente acontecerão por força das elevadas exigências para tal qualificação, e com vários anos de experiência comprovada nas matérias que pretendem vir a ministrar formação.
Tudo isto faria sentido, na medida em que ser formador é, de facto, uma actividade nobre e não pode ser entregue a quem não tem conhecimentos específicos e pedagógicos para o fazer, sob pena de penalizar os formandos que a esses formadores vão beber conhecimento, bem como às restantes partes interessadas da sociedade, não fosse o paradoxo de que o próprio IEFP paga aos seus formadores a doze e até menos euros por hora, incluindo IVA.
Será que os formadores que irão sair desses novos cursos de formação pedagógica da formadores, bem como os que já por lá passaram no passado e pretendem continuar a sua actividade de formação, irão algum dia trabalhar ao preço de um não qualificado? Para receber estes valores basta ser empregado/a doméstico/a ou similar.
É para isto que governantes e políticos defenderam, possivelmente hipocritamente (?), a necessidade de qualificar a população sob pena de ficarmos para trás no desenvolvimento económico?!
Parece que se continua a não levar a sério o sector da formação.
Se queremos ter bons profissionais temos de pagar à medida das suas competências e do impacto que a sua actividade tem na sociedade e na economia. O mesmo se aplica de forma transversal às entidades formadoras. Têm de ter "valor", coisa que a nossa sociedade, e acima de tudo os que tomam as decisões que têm impacto nas nossas vidas pessoais, não conhecem porque essa foi uma equação à qual nunca tiveram de responder.
Mais um paradoxo. Com as novas exigências do IEFP para o curso de formação pedagógica de formadores, as entidades formadoras terão naturalmente de aumentar consideravelmente o preço de venda de tais cursos. Ou será que também terão de pagar apenas doze euros por hora aos formadores super qualificados agora exigidos, que terão de contratar para cumprirem com os requisitos, e vender os cursos abaixo do preço de custo para terem formandos em número suficiente para constituírem turmas pedagogicamente viáveis? Aí, e com todo o rigor, se o fizerem, deverão ser julgado por "dumping".
Manuel Teles Fernandes
Nas centenas de páginas do novo guia, cujo número é um desafio à resistência humana, o IEFP exige que os candidatos a formadores, ou seja os formandos desses cursos de formação pedagógica da formadores, sejam qualificados com bacharelato ou licenciatura, salvo raras excepções que dificilmente acontecerão por força das elevadas exigências para tal qualificação, e com vários anos de experiência comprovada nas matérias que pretendem vir a ministrar formação.
Tudo isto faria sentido, na medida em que ser formador é, de facto, uma actividade nobre e não pode ser entregue a quem não tem conhecimentos específicos e pedagógicos para o fazer, sob pena de penalizar os formandos que a esses formadores vão beber conhecimento, bem como às restantes partes interessadas da sociedade, não fosse o paradoxo de que o próprio IEFP paga aos seus formadores a doze e até menos euros por hora, incluindo IVA.
Será que os formadores que irão sair desses novos cursos de formação pedagógica da formadores, bem como os que já por lá passaram no passado e pretendem continuar a sua actividade de formação, irão algum dia trabalhar ao preço de um não qualificado? Para receber estes valores basta ser empregado/a doméstico/a ou similar.
É para isto que governantes e políticos defenderam, possivelmente hipocritamente (?), a necessidade de qualificar a população sob pena de ficarmos para trás no desenvolvimento económico?!
Parece que se continua a não levar a sério o sector da formação.
Se queremos ter bons profissionais temos de pagar à medida das suas competências e do impacto que a sua actividade tem na sociedade e na economia. O mesmo se aplica de forma transversal às entidades formadoras. Têm de ter "valor", coisa que a nossa sociedade, e acima de tudo os que tomam as decisões que têm impacto nas nossas vidas pessoais, não conhecem porque essa foi uma equação à qual nunca tiveram de responder.
Mais um paradoxo. Com as novas exigências do IEFP para o curso de formação pedagógica de formadores, as entidades formadoras terão naturalmente de aumentar consideravelmente o preço de venda de tais cursos. Ou será que também terão de pagar apenas doze euros por hora aos formadores super qualificados agora exigidos, que terão de contratar para cumprirem com os requisitos, e vender os cursos abaixo do preço de custo para terem formandos em número suficiente para constituírem turmas pedagogicamente viáveis? Aí, e com todo o rigor, se o fizerem, deverão ser julgado por "dumping".
Manuel Teles Fernandes